CLASSIFICAÇÃO
DOS RÁDIOS A VÁLVULA
II.
O RÁDIO MODERNO – Os Super-heteródinos
Neste circuito, é gerada uma freqüência
no próprio rádio, a qual, misturada
com a onda da emissora sintonizada, resulta numa terceira.
Este processo de fusão de freqüências
é chamado de heteródino ou batimento.
Esta terceira onda é denominada Freqüência
Intermediária, ou FI, a qual
foi fixada geralmente entre 455 e 465 kHz. Sendo mais
baixa, é uma freqüência mais fácil
de ser operada pelo rádio.
Circuito usado até hoje, o super-heteródino
é muito mais seletivo na captação
das emissoras, com maior sensibilidade e menos vulnerável
a interferências. É chamado, no meio
técnico, de super-het.
A primeira patente deste sistema ocorreu em 1917,
pelo francês Lucien Levy.
Em 1918, Edwin Armstrong
patenteou o circuito com aperfeiçoamentos.
Em 1920, Armstrong vendeu os direitos do super-heteródino
para a RCA,
o que ocasionou um fabuloso monopólio: todos
os fabricantes tinham necessidade de pagar direitos
à Radio Corporation of America para
fabricarem receptores com o novo sistema, considerado
ideal.
O primeiro super-heteródino para uso comercial
foi construído em 1924, com pequena venda.
Na época, a RCA selou os chassis para evitar
a “pirataria”, pelo que foram alcunhados
de “catacumbas”.
Em 1929, a Philco
– Philadelphia Storage Battery Co., lança
o primeiro rádio com controle
automático de volume, conhecido
como AVC, reduzindo a diferença de volume entre
emissoras de potências diferentes. Foram os
receptores Series 95.
Assim, durante os anos 1930, a maioria dos receptores
passou a contar com um circuito super-heteródino.
Em meados desta década, o número de
aparelhos comercializados nos Estados Unidos ultrapassou
20 milhões de unidades.
Na Europa, marcas como Philips
(Holanda) e Telefunken
(Alemanha), ultrapassaram as fronteiras e dirigiram-se
aos demais continentes.
Alimentação
à bateria
Os
primitivos receptores, com qualquer tipo de
circuito, eram abastecidos através de
baterias. Posteriormente, mesmo com o avanço
das redes de eletricidade, alguns aparelhos
continuaram a ser fabricados para o uso com
baterias.
Eles são conhecidos por Farm,
rádios de fazenda, construídos
desde 1930 até o final da década
de 1940, para locais desprovidos de energia
elétrica. Alguns possuíam um vibrador,
equipamento que transforma a tensão em
corrente contínua da bateria para corrente
alternada.
Ao lado, um receptor marca Erla, Electrical
Research Labs, da coleção
do autor, fabricado nos USA em 1935. Seu funcionamento
depende de corrente contínua, operando
perfeitamente com uma fonte retificadora de
32 volts e 2 amperes. |
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Rádios AC/DC
Com o avanço das redes de corrente alternada,
muitos rádios foram construídos para
tensões em corrente alternada e contínua
(AC/DC),
assim conhecidos como de alimentação
universal. Seu circuito de filamentos das válvulas
é em série, sem a necessidade do pesado
transformador de entrada.

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Alguns foram chamados de “rabo-quente”,
por possuírem uma resistência
no próprio cabo de alimentação
da tomada de eletricidade. O aquecimento deste
cabo produziu o apelido. Outros vinham com
grandes resistências internas ou com
uma válvula para comutação
110/220 volts, chamada de Ballast.
Na foto da esquerda,
um receptor AC/DC Philco,
modelo 40-710, fabricado em 1940, da coleção
do autor. Chamados de Midget, estes
rádios
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foram construídos até
1950, popularizando-se pelo baixo preço, leveza
e pequenas dimensões, o que permitia a colocação
em qualquer canto da casa.
Outros
receptores foram fabricados para uso múltiplo,
aceitando diversos valores de tensão
em corrente contínua ou alternada.
Ao lado, um Pilot T133, de 1942,
que funciona com baterias de 5 a 40 volts,
e 100 a 260 volts com corrente alternada ou
contínua. Coleção do
autor.
Alimentação
à corrente alternada |
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O final dos
anos 1920 viu a afirmação das redes
elétricas de corrente alternada de Westinghouse
sobre as de corrente contínua de Thomas Edison.
Com a expansão do fornecimento de energia elétrica
domiciliar com corrente alternada, os receptores migram
da alimentação por baterias (DC) para
a das redes urbanas (AC).
Na golden age
do rádio (década de 1930), a sua fabricação
ocorreu em ascensão gigantesca: o fenômeno
da comunicação radiofônica chega
aos lares pelo mundo afora, firmando o aparelho de
rádio como um eletrodoméstico comum,
barato e indispensável.

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Na
foto da direita, um rádio Deso-Dewald,
modelo 453-D, fabricado na Suíça
em 1944/45. Ele possui o popular “olho
mágico”, que é
uma válvula indicadora de sintonia, no
caso uma EM4 em funcionamento, no detalhe
à esquerda. |
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Na
foto abaixo, um receptor marca Zenith, modelo
6S321, construído em 1937, da coleção
do autor. Trata-se de um standard da época, o
denominado table,
um nome que generalizou-se para rádios de dimensões
médias e que era posto sobre um móvel.

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Estes
aparelhos, com circuito super-heteródino
e corrente alternada, tornaram-se padrão.
Em geral, possuem transformador de entrada,
ligação dos filamentos das válvulas
em paralelo, alto-falante com ímã
permanente e ondas-curtas (shortwave),
esta última com uso acentuado a partir
da II Grande Guerra.
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Na direita, um receptor fabricado por Guglielmo
Marconi na Inglaterra. Trata-se do
modelo T23-BT, de 1950. Ele possui uma amplificação
de áudio com duas válvulas de
saída, o push-pull.
Coleção do autor.
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Em
1933, aparece um novo tipo de transmissão
denominado Modulação
na Freqüência,
ou FM como é mais conhecido. Criado
também por Edwin Armstrong, a modulação
na freqüência foi um novo circuito
para eliminar o fenômeno da estática
encontrado na transmissão
AM, a Modulação
na Amplitude. Inicialmente pouco considerada,
a FM firmou-se a partir da década de
1950. Na foto da esquerda, um receptor
Eumig, modelo 382W, fabricado na Áustria
por volta de 1956, com faixa de ondas médias
e FM. Coleção do autor.
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Decorridas
duas décadas do início de sua
fabricação em grande escala, o
aparelho de rádio passa a ter dimensões
e peso reduzidos. Novos materiais e tendências
artísticas propiciam a fabricação,
nos anos 1950, de gabinetes em plástico
e com ângulos retos. Na foto da
direita, um rádio Philco, modelo 50-922,
de 1950, da coleção do
autor.
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